Já em 1939, o historiador, geógrafo e jornalista Magalhães Corrêa, no seu livro intitulado “Terra Carioca, Fontes e Chafarizes, publicado pela Imprensa Nacional, escreve sobre a Fonte Wallace de Santa Cruz, que naquela época estava localizada ao lado do então quartel do 2º Regimento de Artilharia, hoje Batalhão de Engenharia de Combate, no mesmo prédio que serviu de capela-residência para os padres da Companhia de Jesus, os jesuítas, e que mais tarde, já na monarquia, seria adaptado para servir como Palácio Real e Imperial. Hoje, a Fonte Wallace está localizada na Praça Dom Romualdo, nas proximidades da igreja matriz da Paróquia de Santa Cruz e da 19ª Administração Regional do bairro.
Fonte Wallace na Praça Dom Romualdo, ao fundo, lado esquerdo, vista lateral da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, de Santa Cruz.
Em 1995, a Fonte Wallace de Santa Cruz voltou a ser noticiada, por conta da exposição “Estátuas e chafarizes franceses no Rio de Janeiro”, realizada de 20 de junho a 30 de julho daquele ano, na Casa França-Brasil. No catálogo da exposição há texto e foto de João Poppe, às páginas 67 e 68. Cinco anos depois, em agosto de 2000, é publicado o livro “Fontes D’Art chafarizes e esculturas francesas do Rio de Janeiro”, de autoria de Elisabeth Robert-Dehault, Eulália Junqueira e Antonio Bulhões, com fotografias de Pedro Oswaldo Cruz e Cristina Oswaldo Cruz e tradução de Francis Wuillaume.
Fonte Wallace de Santa Cruz, desenho a bico de pena, de autoria de Magalhães Corrêa.
Magalhães Corrêa cita outras fontes localizadas em diversos bairros do Rio de Janeiro, e a Fundação Parques e Jardins, para a exposição de 1995, relacionou todas as fontes, chafarizes e estátuas das fundições do Val D’Osne em nossa cidade, incluindo desde o Centro até o Alto da Boa Vista, passando pelo Catete, Flamengo, Glória, Laranjeiras, Botafogo, Humaitá, Praia Vermelha, Jardim Botânico, Gávea, Rio Comprido, São Cristóvão, Tijuca, Jacarepaguá e, é claro, a Fonte Wallace de Santa Cruz. As fontes foram doadas para alguns países, incluindo o Brasil, por Sir Charles Wallace, filantropo e colecionador de artes inglês, em 1872, que vivia na França.
Retrato do Sir Charles Wallace, filantropo inglês que fez a doação das fontes para alguns países, incluíndo o Brasil.
A partir da sua coleção de obras de arte, foi criado um museu com sede em Londres, tornando o colecionador uma figura popular, tanto na Inglaterra como na França, onde viveu a maior parte da sua vida e onde foi sepultado. Como Santa Cruz fora transformada, a partir do século XIX, em Fazenda Real, de propriedade e residência rural da nobreza monárquica, esse deve ter sido o motivo para a instalação da Fonte Wallace, que servia como ponto de abastecimento d’água potável para os moradores locais. Tendo sido restaurada pela Fundação Parques e Jardins da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, a Fonte Wallace de Santa Cruz é também considerada um atrativo turístico, conforme aparece no totem existente na Praça Dom Romualdo, com texto em inglês e português. No texto do catálogo da exposição de 1995, a Fonte Wallace de Santa Cruz é citada como “relíquia do Império, quando a área era prestigiada por grandes propriedades”. “As fontes que apareceram em Paris em 1872, - continua o texto do catálogo – as primeiras com água potável, foram denominadas Wallace, por terem sido oferecidas ao povo pelo filantropo inglês Sir Richard Wallace. Até hoje, permanecem em praças e jardins de todo o mundo e suas linhas são admiradas, especialmente pela harmonia de quatro cariátides colocadas na sua base, a Bondade, a Caridade, a Sobriedade e a Simplicidade, mas majestosas na forma, deram fama ao escultor Lebourg.”
Detalhe da Fonte Wallace, as quatro cariátides
Pela sua importância histórica e também em razão da sua beleza artística, a Fonte Wallace de Santa Cruz tem sido bastante fotografada e motivo de reportagens, além de ser local prioritário de visitação para todos que chegam ao bairro com interesse de conhecer o seu patrimônio histórico. Na década de 1970, a Fonte Wallace e a Praça Dom Romualdo, onde ela está localizada, foram motivos fotográficos para a capa de uma das edições da revista “Domingo”, do Jornal do Brasil, em matéria assinada pela jornalista Ana Maria Bahiana. Na coleção de postais “Olhos de Ver Santa Cruz”, edição de 1996, do Departamento Geral de Patrimônio Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro, a Fonte Wallace aparece fotografada na capa, em trabalho da professora Cristine Tenuto, atual diretora adjunta da Escola Municipal Fernando de Azevedo.
Também há fotos da fonte no Guia Turístico Rio Zona Oeste, publicação da Secretaria Municipal de Turismo e da RioTur, entre outras. Todos estão convidados para conhecerem a Fonte Wallace de Santa Cruz e outros pontos históricos do bairro, como a Ponte dos Jesuítas, o Hangar dos Zeppelins, o Morro do Mirante, o Centro Cultural Dr. Antonio Nicolau Jorge, a antiga residência do senador Júlio Cesário de Melo, as ruínas do antigo Matadouro Público com a sua Vila Operária, o Marco da Fazenda Imperial e o antigo Palácio Real de Santa Cruz.
Sinvaldo do Nascimento Souza
Professor representante da 10ª CRE no RIOEDUCA
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ResponderExcluirConhecer esta relíquia em minha cidade, foi uma grande e feliz surpresa. Como já o conhecia em Paris e já o admirava, jamais poderia saber a sua real origem. Isso dignifica muito esta história, porém, vejo que hoje pouco ou quase nada se aproveintam disso, Esta pequen obra de arte, deveria estar espalhada por todas a cidades brasileiras, embelezando as praças e jardins.
ResponderExcluirRealmente, Santa Cruz, detém o que sobrou no Brasil das fontes cariátides de Richard Wallace, idealizadas por ele e modificadas e esculpidas pour Charles Lebourg, fundidas pela Fundição Val d'Osne na França.Das outras 5, restaram apenas duas, uma na Floresta da Tijuca, em frente à sede do PNT, e a outra nos fundo do Museu da Cidade na Gávea, Esta última está encaixotada e escondida do público enquanto o palacete passa por intermináveis reformas...Parabéns Santa Cruz por manter este patrimônio cultura bem preservado!
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